Mais um super artigo do amigo Wanderley Filho que fala a pura realidade!!!
(by wanfil)
Na superfície parece um tubarão, mas não passa de um peixinho.
Nem só de promessas vive o político. Em algum momento, a notória falta de investimentos federais no Ceará causaria problemas ao governador Cid Gomes. Depois de oito anos de Lula no poder, o Ceará pode contabilizar uma usina de biodiesel meia-boca sem impacto em sua economia. O resto não andou. Metrofor, Sudene, Transposição e siderúrgica renderam muitas manchetes de discursos inflamados. De concreto, só a pedra fundamental para uma refinaria sem previsão no orçamento da Petrobras.
Não bastassem as promessas não cumpridas, ainda existe a falta de manutenção para o que já existia. E quem deixa isso claro é o próprio governador Cid Gomes, aliado de Lula e Dilma Rousseff, que veio a público denunciar de forma estridente a situação calamitosa das BR’s no Ceará, durante compromisso na cidade de Sobral, no último sábado (7).
“O Ministério dos Transportes tem tratado o Ceará de forma desigual e descompromissada. Nenhum outro Estado da Federação tem uma situação tão caótica, principalmente em se tratando da BR-222″.
“É um ministro [Alfredo Nascimento, do PR] inepto, incompetente e desonesto, que a frente desse ministério já há vários anos tem discriminado o estado do Ceará e feito com que as nossas BR’s tenham características absolutamente diferentes”.
O áudio com as declarações, gravados pelo radialista Walter Lessa, da Rede Jangadeiro FM Sobral, e publicado pela jornalista Kézya Diniz na coluna PolítiKa, repercutiu até no Estadão.
Sem verbas e cargos não há futuro para um aliado
As acusações de Cid foram disparadas uma semana após o Ceará ter perdido a influência na indicação para a presidência do BNB. A essa altura, não é só a falta de obras nas estradas que exaspera Cid, mas a escassez de cargos de primeiro e segundo escalão no governo federal, que pode asfixiar a base do governador por falta de verbas.
O tom de indignação afetada sugere que Cid luta pelos cearenses, mas, na verdade, briga pela própria sobrevivência política. Na lógica federativa que vigora no Brasil, líder que não tem acesso a cargos e verbas é inútil. O governador agora ameaça orientar a bancada para não votar projetos de interesse do Ministério dos Transportes. Por que já não fez isso? Talvez não haja coordenação suficiente. Já imaginaram José Guimarães, Inácio Arruda, Eunício Oliveira e José Pimentel votando contra Dilma?
Não faltou aviso
De resto, essa situação de isolamento do Ceará não é novidade, especialmente se comparada a vizinhos como Pernambuco e Piauí. Falta de aviso não foi. Em 2007, o então senador Tasso Jereissati, em palestra proferida na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) sobre o projeto de implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no Estado, avisou: “Se a bancada deixasse de votar com o governo durante 15 dias, as coisas mudariam para o Ceará”. A crítica era um alerta sobre a manutenção de um constante estado de vigília para pressionar o cumprimento de promessas. Mas sabem como é. Tem gente que prefere morrer por um elogio do que ser salvo por uma crítica.
Limbo
O governo Cid, junto com o Ceará, agora segue à deriva numa espécie de limbo político. Como aliado, não goza de confiança e respeito. Como oposição, não faz medo. É bom lembrar que Ciro Gomes ficou fora da composição no ministério de Dilma, sinal claro de que existe uma separação de projetos. Nos últimos 20 anos, esse é momento em que o Ceará tem o menor prestígio político, não obstante a votação grande que Lula e Dilma tiveram aqui. Num primeiro instante, isso não é sentido, devido ao panorama econômico favorável para o País e os avanços de infra-estrutura ocorridos em governos anteriores. Mas com o tempo, isso se esgota.
Para o núcleo duro do poder, do qual a família Ferreira Gomes não faz parte, há muito ficou claro que no Ceará, quem tem Bolsa Família não precisa de mais nada.
( Blog do Wanfil)