terça-feira, 6 de maio de 2008

ADÍSIA SÁ E A FORTALEZA DEPENDURADA


Eis um artigo publicado no O POVO desta terça-feira. Assinado pela jornalista Adísia Sá, chega como ingrediente a mais de reflexões nestes ano eleitoral. Confira:

A jornalista Jô Abreu, em interessante artigo publicado no O ESTADO, descreve a sua trajetória de passageira de ônibus em Fortaleza. Narrando as dificuldades em atravessar a massa humana no Terminal e chegar ao transporte, diz que em lá chegando cuidou de contar os dedos das mãos (quase que os levam, no arrocho...) e, procurando, custou a encontrar a bolsa que conduzia e, por um triz, não ficou sufocada sob o peso dos que a transformaram em sardinha em lata.

Lendo a jornalista, recordei o que li no livro que conta a história do transporte coletivo do Ceará: passageiros que iam para o distrito de Lameiro, no Crato, "trepados em cima, viajando no segundo andar"... É o que está faltando em Fortaleza. No horário inicial e final do expediente de trabalho, o sofrimento do passageiro é visível: basta que se observe o que narrou a Jô Abreu - "salve-se , quem puder", para chegar ao ônibus. Além de ônibus em número inferior à necessidade dos fortalezenses, as paradas não oferecem condição condignas às pessoas que ficam ao "deus dará" - quer faça sol ou chuva - sem ordem de chegada , num atropelo vergonhoso e de alto risco, vítimas potenciais dos "batedores de carteiras" , dentro e fora dos veículos , e dos "mãos bobas" que tiram casquinhas de quem estiver à sua frente ... Ônibus caros, sofrem desgastes pelo excesso de passageiros e, também, pelas péssimas condições dos calçamentos- quando os há, - quase todos esburacados, ou então, do chão batido das ruas da periferia.

A atual gestão não voltou seus olhos para o transporte coletivo. "Baba" e gasta dinheiro nas propagandas, dizendo ser a tarifa mais barata do Brasil , a de nossa capital. Mas não diz como essa tarifa sai cara para o passageiro. Afinal, Fortaleza não é a "fazenda modelo" do País, também, em transporte público. Transporte não significa apenas tarifa barata , inclusive domingos e feriados, quando o "arrocho" é mil vezes pior do que o da semana. Tem mais: transporte é também corredores de tráfego , diminuindo distância e tempo. Nada disto fez e faz a Prefeitura. Dizer que realizou a mais bela festa de aniversário de cidade do País, "é bom também" e encheu as burras dos horários de rádio, televisão e os espaços de jornais. É, o slogan está certo: Fortaleza DELA."

Adísia Sá
Jornalista

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