sábado, 25 de julho de 2009

A UNE chapa-branca

A União Nacional dos Estudantes (UNE) transformou-se em uma repartição financiada pelo governo para apoiar suas causas. Triste. Poucas coisas são mais patéticas e melancólicas do que um jovem sem espírito crítico. Felizmente são raríssimas as circunstâncias históricas que levam a juventude a sufocar sua qualidade humana mais preciosa, a rebeldia com ou sem causa, para idolatrar o poder central. Quando isso ocorre é sintoma de alguma moléstia social. Arriscando aqui a violar a Lei de Godwin (a bem humorada sacada do advogado americano Mike Godwin, segundo quem todo argumentador perde força quando compara um evento atual com os da Alemanha nazista) a UNE de hoje lembra o fervor patriótico da Juventude Hitlerista.

Lembra também os squadristi, a tropa de choque infanto-juvenil do regime fascista italiano de Benito Mussolini. A UNE, a Juventude Hitlerista e os squadristi têm em comum a força na ausência da razão e o desejo de servir cegamente a um líder.
Reunidos em Brasília em congresso na semana passada para eleger o novo presidente da entidade, os estudantes foram às ruas. Por mais verbas para as universidades públicas? Não. Combater a corrupção? Não. Pela preservação da floresta amazônica? Nada disso. A UNE protestou contra a criação da CPI da Petrobras, uma das patrocinadoras do evento. A antes combativa entidade estudantil inovou em sua servidão ao poder em troca de dinheiro. Para abrir o congresso a entidade convidou o presidente Lula, saudado por cerca de 3 000 squadristi brasileiros. Talvez Brasília só tenha assistido tamanho servilismo por parte de estudantes universitários brasileiros quando, no regime militar, foi organizada a Arena Jovem, braço do partido de sustentação ao governo.
A atual geração está jogando na lama a rica história da UNE de enfrentamento ao poder. Não apenas de contestação mas de produção cultural alternativa de qualidade nos anos 60 – quando foi presidida por José Serra, hoje governador de São Paulo. Diz o cientista político Ricardo Caldas: "O governo atual tem usado essas entidades para colocar em prática o que não consegue por si só." Cerca de 6 000 estudantes que foram ao congresso ficaram alojados em nove escolas públicas de Brasília - e estes, sim, deixaram sua marca de rebeldia, pena que apenas depredando salas, destruindo mesas e abandonando garrafas de bebidas alcoólicas vazias e preservativos usados nas salas e corredores.

Leia a reportagem completa em VEJA desta semana (na íntegra somente para assinantes).

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