“O estilo sisudo do presidenciável José Serra parece que já virou folclore até entre os amigos. Prova disso foram as gargalhadas que os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) soltaram ao ouvir comentários gerais: “Serra é chato? Imagina!”, brincou Jarbas. “Ainda temos que burilar muito o nosso amigo”, completou Tasso. Ambos estavam sentados à mesa com Serra, na festa junina promovida pelo senador Sérgio Guerra (PSDB), em Limoeiro, na sexta-feira.
Enquanto comia milho e atendia a pedidos de fotos, Serra ignorava as brincadeiras. Ele resistiu o quanto pôde à imprensa, mas, aconselhado pelos senadores, voltou atrás. “A gente deu uma dura nele! Nosso amigo gosta de fazer charminho!”, brincou Tasso, para risos gerais. Afastado do barulho do forró e sempre acompanhado de um segurança truculento, um José Serra bastante solícito e amigável desculpou-se pelo (mau) jeito no trato com a reportagem e concedeu a estrevista abaixo:
JORNAL DO COMMERCIO – Aliados têm se queixado que o senhor não viaja, fica em São Paulo. Já a presidenciável do PT, a ministra Dilma Rousseff, tem circulado.
JOSÉ SERRA - Nunca ouvi (queixa). Nunca deixei de circular pelo país. A cada dez dias tenho viagem fora de São Paulo. O Brasil é grande e por isso não parece que viajo. Não dá para estabelecer uma corrida. A Dilma está antecipando (a eleição). Não farei isso, mas não quer dizer que não tenho disposição para concorrer. Tenho disposição e vamos resolver isso na hora certa.
JC – Vai ter prévias no PSDB para definir se o candidato é o senhor ou Aécio Neves?
SERRA - Não dá para antecipar. Só vai resolver em fevereiro. Se tiver prévia não há problema. Não vai haver divisão e quem apostar em racha vai se frustrar.
JC - Seu nome apareceu em primeiro lugar, na última pesquisa CNI/Ibope de intenção de votos para presidente da República. Isso o anima?
SERRA - O que eu presto atenção em pesquisa é avaliação da população sobre minha atuação como homem público. Tudo o que vejo é que, depois do Lula, eu sou o mais bem avaliado nas pesquisas. Eu acho isso ótimo, porque estou afastado do cenário nacional desde 2002. Não tive nenhum cargo nacional, nem estou presente na mídia nacional. Fico honrado. Acho que isso se deve a minha atuação passada (ministro do Planejamento e da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso) e meu desempenho em São Paulo que acaba irradiando. Quando eu vim aqui na campanha do ano passado, eu fui a uns quatro municípios e, no discurso, eu perguntava: ‘quem tem parente em São Paulo?’ A maioria levantou a mão. É um estado que o pessoal está ligado. E eu tenho lá um enorme apoio entre as pessoas que vieram daqui. Aquela música que eu cantei hoje (Baião, de Luiz Gonzaga, que ele cantou em Limoeiro), aprendi quando eu era criança. Porque sou da Moca, um bairro operário, onde chegavam os imigrantes nordestinos.
JC – Alguns adversários o apontam como um político voltado para o Sul e o Sudeste. Como encara a crítica?
SERRA - Sempre trabalhei com projeto para o País. Eu sou um político nacional. Nunca fui local. Comecei minha militância política no plano nacional e comecei minha campanha a presidente da UNE em Pernambuco. Fiquei exilado 14 anos e isso sempre me induziu a ter uma visão agregada do Brasil. Quem me acompanhou no Congresso e nos ministérios sabe que minhas principais atividades foram por questões nacionais. Posso até não demonstrar isto, mas, sem nenhum exagero, poucos políticos nacionais fizeram tanto pelo Nordeste quanto eu. Se tiver essa crítica de que não olho o Nordeste não vai pegar.
JC - Jarbas Vasconcelos (PMDB) deve disputar o governo de Pernambuco em 2010? Seria um palanque forte para sua candidatura?
SERRA - Você acha que vim aqui para teorizar sobre isso? Eu e o Jarbas já temos conversado bastante. As candidaturas regionais tem uma importância imensa, mas tem menos influência externa do que as pessoas imaginam. Não é suficiente para ganhar eleição mas é uma condição necessária.
JC - Qual a sua avaliação sobre a política em Pernambuco, onde o senhor tem dois amigos - o governador Eduardo Campos e o senador Jarbas?
SERRA - Quando eu vou a um Estado, não entro na política local. Não significa que eu não tenho ideias a respeito. Sei que os dois são adversários. Tenho relações cordiais com Eduardo. Eu era amigo do velho Arraes (o ex-governador e avô de Eduardo Miguel Arraes), desde a época que eu era líder estudantil, nos anos 60. Sou o único orador vivo do comício de 13 de março de 64 (contra o Golpe Militar, instalado no dia seguinte), então tenho responsabilidade histórica. Passei 14 anos exilado. Política, para mim, tem um significado muito forte. Eu não estou na vida pública para ter notoriedade, prestígio e desfrutar do ornamento do poder.
JC - O senhor é taxado como um político sisudo e que não fala para as massas. Procede?
SERRA - Quem me conhece de perto sabe que sou bem humorado e tenho interesses que vão além de economia e política. Na vida, você tem a sua personalidade própria e a social. A social é feita pelos outros, você não tem como interferir. Eu não estou falando de carisma, que é uma coisa mais complexa. Em geral, quem tem carisma é quem ganha eleição. Perdeu, não tem carisma. Em São Paulo ninguém diz que não tenho carisma.
JC - Qual a avaliação que o senhor faz do governo Lula?
SERRA - Vamos ter que fazer esse balanço mais para frente. Agora é indiscutível que o Lula tem uma popularidade imensa. A minha relação de governador com o presidente é boa, de cooperação.
JC - Qualquer candidato apoiado por Lula é forte?
SERRA - Sem duvida. Qualquer candidato do PT é forte. É o partido do governo. A eleição do ano que vem será a mais disputada desde que foi reestabelecida as eleições diretas. Fernando Collor (primeiro presidente eleito por voto direto após o Regime Militar, em 1989) foi aquele fenômeno atípico. Fernando Henrique Cardoso ganhou e foi reeleito na esteira do Plano Real. Em 2002, eu fui bem, afinal de contas tive grande votação, mas estava claro que o país queria o Lula. No ano que vem não há um candidato natural. Favorito até que tem. Mas vai ser uma eleição mais disputada. E o Lula não vai ser candidato no ano que vem. Aí é que nós vamos ver!
JC - O senhor é o favorito?
SERRA - (risos)… Isso você só não pode dizer que foi eu que falei.
Enquanto comia milho e atendia a pedidos de fotos, Serra ignorava as brincadeiras. Ele resistiu o quanto pôde à imprensa, mas, aconselhado pelos senadores, voltou atrás. “A gente deu uma dura nele! Nosso amigo gosta de fazer charminho!”, brincou Tasso, para risos gerais. Afastado do barulho do forró e sempre acompanhado de um segurança truculento, um José Serra bastante solícito e amigável desculpou-se pelo (mau) jeito no trato com a reportagem e concedeu a estrevista abaixo:
JORNAL DO COMMERCIO – Aliados têm se queixado que o senhor não viaja, fica em São Paulo. Já a presidenciável do PT, a ministra Dilma Rousseff, tem circulado.
JOSÉ SERRA - Nunca ouvi (queixa). Nunca deixei de circular pelo país. A cada dez dias tenho viagem fora de São Paulo. O Brasil é grande e por isso não parece que viajo. Não dá para estabelecer uma corrida. A Dilma está antecipando (a eleição). Não farei isso, mas não quer dizer que não tenho disposição para concorrer. Tenho disposição e vamos resolver isso na hora certa.
JC – Vai ter prévias no PSDB para definir se o candidato é o senhor ou Aécio Neves?
SERRA - Não dá para antecipar. Só vai resolver em fevereiro. Se tiver prévia não há problema. Não vai haver divisão e quem apostar em racha vai se frustrar.
JC - Seu nome apareceu em primeiro lugar, na última pesquisa CNI/Ibope de intenção de votos para presidente da República. Isso o anima?
SERRA - O que eu presto atenção em pesquisa é avaliação da população sobre minha atuação como homem público. Tudo o que vejo é que, depois do Lula, eu sou o mais bem avaliado nas pesquisas. Eu acho isso ótimo, porque estou afastado do cenário nacional desde 2002. Não tive nenhum cargo nacional, nem estou presente na mídia nacional. Fico honrado. Acho que isso se deve a minha atuação passada (ministro do Planejamento e da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso) e meu desempenho em São Paulo que acaba irradiando. Quando eu vim aqui na campanha do ano passado, eu fui a uns quatro municípios e, no discurso, eu perguntava: ‘quem tem parente em São Paulo?’ A maioria levantou a mão. É um estado que o pessoal está ligado. E eu tenho lá um enorme apoio entre as pessoas que vieram daqui. Aquela música que eu cantei hoje (Baião, de Luiz Gonzaga, que ele cantou em Limoeiro), aprendi quando eu era criança. Porque sou da Moca, um bairro operário, onde chegavam os imigrantes nordestinos.
JC – Alguns adversários o apontam como um político voltado para o Sul e o Sudeste. Como encara a crítica?
SERRA - Sempre trabalhei com projeto para o País. Eu sou um político nacional. Nunca fui local. Comecei minha militância política no plano nacional e comecei minha campanha a presidente da UNE em Pernambuco. Fiquei exilado 14 anos e isso sempre me induziu a ter uma visão agregada do Brasil. Quem me acompanhou no Congresso e nos ministérios sabe que minhas principais atividades foram por questões nacionais. Posso até não demonstrar isto, mas, sem nenhum exagero, poucos políticos nacionais fizeram tanto pelo Nordeste quanto eu. Se tiver essa crítica de que não olho o Nordeste não vai pegar.
JC - Jarbas Vasconcelos (PMDB) deve disputar o governo de Pernambuco em 2010? Seria um palanque forte para sua candidatura?
SERRA - Você acha que vim aqui para teorizar sobre isso? Eu e o Jarbas já temos conversado bastante. As candidaturas regionais tem uma importância imensa, mas tem menos influência externa do que as pessoas imaginam. Não é suficiente para ganhar eleição mas é uma condição necessária.
JC - Qual a sua avaliação sobre a política em Pernambuco, onde o senhor tem dois amigos - o governador Eduardo Campos e o senador Jarbas?
SERRA - Quando eu vou a um Estado, não entro na política local. Não significa que eu não tenho ideias a respeito. Sei que os dois são adversários. Tenho relações cordiais com Eduardo. Eu era amigo do velho Arraes (o ex-governador e avô de Eduardo Miguel Arraes), desde a época que eu era líder estudantil, nos anos 60. Sou o único orador vivo do comício de 13 de março de 64 (contra o Golpe Militar, instalado no dia seguinte), então tenho responsabilidade histórica. Passei 14 anos exilado. Política, para mim, tem um significado muito forte. Eu não estou na vida pública para ter notoriedade, prestígio e desfrutar do ornamento do poder.
JC - O senhor é taxado como um político sisudo e que não fala para as massas. Procede?
SERRA - Quem me conhece de perto sabe que sou bem humorado e tenho interesses que vão além de economia e política. Na vida, você tem a sua personalidade própria e a social. A social é feita pelos outros, você não tem como interferir. Eu não estou falando de carisma, que é uma coisa mais complexa. Em geral, quem tem carisma é quem ganha eleição. Perdeu, não tem carisma. Em São Paulo ninguém diz que não tenho carisma.
JC - Qual a avaliação que o senhor faz do governo Lula?
SERRA - Vamos ter que fazer esse balanço mais para frente. Agora é indiscutível que o Lula tem uma popularidade imensa. A minha relação de governador com o presidente é boa, de cooperação.
JC - Qualquer candidato apoiado por Lula é forte?
SERRA - Sem duvida. Qualquer candidato do PT é forte. É o partido do governo. A eleição do ano que vem será a mais disputada desde que foi reestabelecida as eleições diretas. Fernando Collor (primeiro presidente eleito por voto direto após o Regime Militar, em 1989) foi aquele fenômeno atípico. Fernando Henrique Cardoso ganhou e foi reeleito na esteira do Plano Real. Em 2002, eu fui bem, afinal de contas tive grande votação, mas estava claro que o país queria o Lula. No ano que vem não há um candidato natural. Favorito até que tem. Mas vai ser uma eleição mais disputada. E o Lula não vai ser candidato no ano que vem. Aí é que nós vamos ver!
JC - O senhor é o favorito?
SERRA - (risos)… Isso você só não pode dizer que foi eu que falei.
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