Enquanto governistas se reuniam com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, líderes da oposição combinavam o discurso sobre a CPI dos cartões durante um almoço na churrascaria Porcão, em Brasília.
Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB e José Agripino Maia (RN), líder do DEM, ditaram o tom da conversa. Ficou acertado que não haverá limitações nas investigações – se tiver que investigar os presidentes, que se investigue, inclusive Fernando Henrique, ex-presidente pelo PSDB.
- Vamos pro pau- disse Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, durante o almoço. Aliás, é o que ele e Virgílio têm dito a toda hora quando perguntados sobre os possíveis constragimentos que uma investigação sobre os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso poderia causar ao partido.
O consenso é: relatoria ou presidência da comissão deve ficar com um parlamentar da oposição. A oposição fica dividida na hora de articular qual será o “castigo” do governo caso isso não aconteça.
Virgílio e Agripino querem obstruir a votações no Senado.
Roberto Freire, presidente do PPS, defendeu durante o almoço que, caso a oposição não ganhe um dos cargos-chaves, ela deve retirar seus nomes do requerimento para abrir a comissão mista e trabalhar por uma CPI apenas no Senado.
- Amir Lando (PMDB-RO) e Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) foram presidente e relator da CPI do Mensalão e no final disseram ao país que não houve mensalão. Isso ficou na crônica brasileira como a suprema desmoralização do Congresso Nacional. Não vamos deixar que isso aconteça de novo com a CPI dos cartões - observou Freire.
Os líderes do PSOL, senador José Nery e deputado Chico Alencar (RJ), e os senadores Mão Santa (PMDB-PI), Cristóvam Buarque (PDT-DF), Romeu Tuma (SP) e Expedito Júnior (PR-RR) também participaram do almoço e discordaram de Freire.
Arthur Virgílio e Agripino também não acreditam que os governistas deixarão a oposição de fora dos cargos de comando da CPI.
- O que a sociedade vai achar do governo investigando o próprio governo? Ninguém vai levar isso à sério - aposta Virgílio.
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